que a força do tempo coração esteja conosco
Quetiapina 12 anos
Efeito colateral: 25% das amostras de pacientes da Ala número 1 apresentam comportamento previsível. Os outros 75% dormem muito bem, obrigado.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
terça-feira, 17 de junho de 2014
terça-feira, 3 de junho de 2014
Missão
E no meio disso,
ansia e sufoco me deixaram triste e desesperado na galeria. Tive que
conter o choro dentro do banheiro, porque não é uma atitude
profissional, uma exposição de sentimento como esta. Sai da galeria
na hora rotineira com o pretexto de que ia almoçar. Ainda sonolento
da noite mal dormida, me deitei no banco de uma praça próxima e
esperei o tempo passar um pouco. Perto de entrar no sono, uma mulher
aparentando estar no meio dos seus 30 anos, levemente desgastada pelo
tempo, pede para sentar-se ao meu lado. Eu estava anestesiado e sua
iniciativa de se aproximar me deixou levemente curioso. Ela falava
coisas meio fora de seqüência; conseguira um serviço como pintora,
e disse que faria o certo para não chegar atrasada no local do
trabalho. Havia anotado o endereço do lugar em um papel feio de
publicidade. Também disse que morava ali perto e que precisava comer
batatas fritas. Tirou uma calça da bolsa e me perguntou se estava
bonita e se combinava com seus sapatos. Na maior parte do tempo eu
respondia siliabicamente, mas ao fundo estava pondo atenção ao que
falava. Ela não estava cheirando tão bem, sacou um cigarro e uma
cerveja da bolsa e disse que a missão do dia, era fazer as pessoas
sorrirem com pequenos elogios.
-sua bolsa está
bonita moça! Disse a uma moça.
-eu gosto do seu
estilo rapaz! Disse a um rapaz.
Atirava seus
cumprimentos a transeuntes que por suas vezes, se sentiam
agradecidos. De fato ela conquistou um punhado de sorrisos.
Uma das poucas vezes
que resolvi esboçar frases mais completas foi quando eu disse que
fazer alguém sorrir, por mais escondida, boba e humilde que seja
ideia, talvez seja uma das coisas mais importantes a se fazer nessa
vida. Provocar as pequenas felicidades cotidianas.
Depois, descobri
cortes em seu corpo, dentre eles, um no braço esquerdo que chamava
atenção pela largura da cicatriz próximo ao pulso, cercado de
tatuagens desbotadas de desenhos padrões de catálogos. Com uma
breve observação simples, ela descobriu que eu era canhoto. Por
certo; eu havia anotado a lista da feira do dia anterior no braço
direito e a tinta da caneta ainda não havia se apagado totalmente.
As vezes ela oscilava
com as palavras e repetia certas informações. Não estava ébria
nem sóbria. Estava animada por fora mas lastimada internamente.
Pensei no que a
machucava por dentro, mas não havia tempo suficiente para descobrir.
Nem tão pouco fui tão aberto como ela foi desde o momento de sua
chegada. Depois de um breve tempo, ela se levantou, disposta a
distribuir sorrisos “de orelha a orelha” segundo suas palavras e
saiu para comprar batatas fritas. Se chamava Sara e despediu-se
dizendo que eu era seu amigo.
Eu voltei a me
deitar, protegendo meu rosto do sol e torcendo para que Sara
conseguisse cumprir sua missão diária, onde quer que seja.
quinta-feira, 29 de maio de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
relações de minhas redundâncias com os rascunhos.
Os rascunhos sempre se tornavam mais belos projetos do que os projetos.
fui perceber isso depois de um tempo.
era um exímio riscador.
quando esboço, não alcanço planejamento, nem chego onde tantos outros querem que eu chegue. acabo ali mesmo, na metade.
é fugaz e escapa com rapidez se me permitem a redundância.
fui perceber isso depois de um tempo.
era um exímio riscador.
quando esboço, não alcanço planejamento, nem chego onde tantos outros querem que eu chegue. acabo ali mesmo, na metade.
é fugaz e escapa com rapidez se me permitem a redundância.
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