sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

e que iriam

estava no quintal da casa, sentado na mesa, pé no banco e tinha acabado de conhecer sylvester, que as vezes passava pedindo carinho. com um cigarro baixo na boca, não sabia tocar e cantar e fumar. nem assistir filmes inteiros. mas pelo menos ainda dava pra usar meu chinelo lá fora. e andar só de casaco leve. recém-mudado, levemente empolgado, mas também um pouco zonzo. ledo engano. para o que estava a me esperar. alguns poucos passos para cair novamente em minha espiral.
a espiral que não me deixa viver.

toco meia música, chateado com a cabeça numa brincadeira boba. entro em casa porque pensava que aquilo era frio e que estava talvez descontente com a ausência. haha, nota baixa para mim; não ali.

em algum outro quarto da cidade, ela devia estar organizando suas coisas, pregando suas fotos preferidas e também a espera de coisas que nunca sabemos quando vão acontecer. e que iriam/

hoje,

pensei que ia me entregar.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

I do nothing.

give me your smile

estava marcado.
era naquela mesa do canto, que marcamos de sempre nos conhecermos. 
hora marcada.
começávamos pela lingua em que tínhamos menos intimidade. todas as vezes. e nos chamávamos uns aos outros pelos nomes de cartório. 
ao fim, já éramos românticos latinos e falávamos os nomes que nos eram bonitos. 

queria poder sempre renovar o gatilho das coisas que faziam nos contentar de sorriso aberto.

reciclar o início do que era felicidade. 
não vá embora, por favor.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

prisioneiro dos sentinelenses

Explorador que era, volta derrotado a sua terrinha dos desconhecidos.
O vislumbre com o rei e a civilização foram motivações suficientes para o regresso.
alvejado por flechas, foi morto pelos sentinelenses.

Uma folha com sua foto e seu nome era o último papel que podia lhe reaproximar dos antigos íntimos.
Nas linhas em suspenso da máquina de escrever da delegacia, o escrivão semi-letrado e com família pra acordar pela manhã, estava fora e não pôde registrar a queixa de roubo em más escritas palavras locais.

"A VITIMA, ALEGA ROUBO DE SUA VIDA..."
poderia ter sido um provável começo do boletim de ocorrência.

O corpo? os sentinelenses devoraram.
Sumiço comprovado, porém sem as provas do desenrolar da trama, o caso foi arquivado.


domingo, 19 de janeiro de 2014

cerimônia de regresso

não preciso ser anfitriao
acho muito mais tranquilo eu reservar pequenos momentos com as pessoas
e ir me reencontrando aos poucos
é muito mais intimo e sincero
do que ficar disperso numa "cerimonia de regresso"

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ignorância é uma dadiva. Não alcancei essa dadiva e continuo ignorante.

Rodriguez era um médico com quem eu costumava sair nos nossos dias errados.
Não era pra se lembrar de uma ressaca num dia domingo. fazíamos questão de ser perturbados por ela nos dias menos pares possíveis.
E depois, lá estava eu esbofeteado na cama até a hora que me fosse conveniente cumprimentar a sociedade. Para ele, talvez fosse melhor nem dormir.
Acho que ele nunca se chocou muito com as coisas. dava valor a sua maneira, era bem disfarçado nesse sentido talvez. se tivesse devidamente ébrio, daria seus sinais de consideração. Sempre de bom humor. Deve ter sido aquele clareamento dental que o safado fez, que confunde minhas impressões.
.
Eu sempre fui essa coisa saída de uma peça grega. pós traumático sem trauma. Uma baba. Baba mesmo; saliva, cuspe. Ao longo de um tempo desenvolvi duas peculiaridades que envolvem saliva no meu corpo.
1-me engasgo facilmente apenas com saliva na boca.
2-quando bebo água, as vezes meu corpo reage involuntariamente tentando expulsa-la. deve ser pensando que é veneno ou cachaça.


raro

Troco minhas figuras com ela.
Ficamos a vontade para desfrutar esse momento de intimidade que é nosso.
Às vezes eu trocava figura repetida. talvez por falta de opções próprias. Mas era sempre a minha melhor, várias vezes. Replicada. Mas ela aceitava. Recebia com carinho e colava preenchendo vários espaços do mesmo eu. Sim, era eu.

Recíproca verdadeira.

A madrugada rasga, porque eu não sei até quando ela vai querer completar o álbum dela com as minhas, porque eu sempre quero completar o meu com as dela.

A madrugada,

me rasga.

domingo, 5 de janeiro de 2014

ele sempre foi afiado com o que diz


O Agente – Mesmo que um bebê nasça morto, nós consideramos o seu nascimento.
A Voz – Mas ele não viveu.
O Agente – Viveu uma vida intrauterina. Para morrer, é preciso viver. A Voz – Mas isso é horrível, é triste.

O Agente – Isso é sublime. Ele tornou mãe a mulher que o pariu. E ela sempre dirá: meu filho “nasceu” morto. Isso o torna um ser superior, quase um santo. Viveu sem macular-se com o mundo. Pulou uma passagem de sofrimento e desilusão. Foi da não existência a não exis- tência protegido no interior de sua mãe. Puro (Mutarelli, 2009, p. 80). 

grupo-controle

os pacientes da Ala 1, vêm apresentando o mesmo comportamento que a amostragem da pesquisa do ano passado. 
 
/

sábado, 4 de janeiro de 2014

não

não.

prefiro começar de forma enfática.
começar pela pergunta errada é tão errado como cutucar a própria ferida, que eu vós indico a parar aqui. sei que pode. te dou uma folha em branco para isso.














seria presunçoso e até alimentado demais de dramaturgia continuar a escrever depois de ter assumido um adeus. 

não ponha culpa. isso não existe no mundo dos autocrimes, pelo menos não no meu.

eu acho que foi de não me amar o bastante.

se queres buscar coisas, motivos?
posso te dar uma vírgula, reticências e quem sabe algo de mais valor, 
um ponto final.


(pensamentos durante a lua)